quinta-feira, 17 de novembro de 2022

borderline or me - parte 2

Preciso caminhar alguns minutos até meu ponto favorito nessa cidade. Fica na barra norte, e é possível ver toda cidade daqui. Então preciso trazer o máximo de coisas comigo, já que nunca voltamos tão cedo.
Preciso lembrar aqui, que a depressão borderline além de ser a mais grave e auto-destrutiva é também ocasionada pelo meio em que vivemos. Aquela frase que diz que somos a soma das cinco pessoas que convivemos se aplica inteiramente a personalidade border. Olhe pra elas, aonde estão indo? Sinto saudade da fumaça dos cigarros.

É dificil falar sobre o Borderline sem falar sobre o amor. Na real, é difícil falar sobre qualquer assunto. A vida não parece ter um destino, ou algum propósito. A fé é um sentimento infantil, geralmente ocasionada pelo medo da solidão e o caos da nossa incompreensão diante da vida. Somos seres de pensamento abstrato e a imaginação é nossa fuga da realidade quando não nos sentimos bem com ela. Psicose? Deus, não é um delírio coletivo que nos ausenta da responsabilidade da existência?

Me perco todas as noites em Balneário, as ruas são estreitas e possuem números no lugar de nomes. Os prédios são igualmente altos. E a classe social dessa cidade é separada pelas avenidas.

Ah, muitas coisas estão acontecendo Brasil e mundo a fora e me sinto completamente alheio a vida coletiva. Me contento apenas em acordar cedo pra ver o sol nascer enquanto converso com estranhos desse mundo caótico e fugaz. Eles falam inglês, espanhol, francês, italiano, árabe. E eu juro que não entendo nada e mesmo assim há uma conexão honesta diante do mar, do sol, das estrelas e da lua ao anoitecer. Todos sorriem felizes diante da beleza da vida. Todos respiram o mesmo ar fresco com cheiro de esgoto do mar. 

Queria realmente ter mais tempo para pensar e escrever, por que sempre penso em você, e há tantas coisas que agora jamais poderão ser ditas. Ficamos com nossas mentiras e desonestidades que compõe nosso passado, que me levaram até aquela maca do upa veneza. 

Há coisas que pulsão ainda, basta observar quantas vezes escrevi "há", de haver de existir de ter. Basta observar o quanto sou vago com as coisas que sinto. Por que nada nunca foi especial mesmo que eu sinta ainda em meu peito batendo todas as noites antes de fechar os olhos para dormir e então reiniciar novamente todo o processo de distração da vida. 


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bem, estou aqui diante da imensidão do mar e das estrelas observando um navio cruzeiro se afastando e lentamente sumindo no horizonte sinto ...